Inadimplência tem queda forte e bancos lucram mais

O fantasma da inadimplência, que assombrou os grandes bancos privados por mais de dois anos, está afastado. Itaú Unibanco e Bradesco terminaram dezembro com o menor índice de calote dos últimos cinco anos - de 3,7% e 3,5%, respectivamente. No Santander, o indicador de 3,7% é o menor desde a fusão com o Banco Real, concluída em 2009.

O problema foi superado graças ao controle mais firme da qualidade dos desembolsos. Com isso, os três maiores bancos privados do país registraram um lucro líquido conjunto de R$ 29,8 bilhões no ano passado, com expansão anual de 7,63%.

A migração para linhas de empréstimo com mais garantias, como o financiamento imobiliário e o crédito consignado, derrubou as despesas com inadimplência dos três bancos em 14,1%, para R$ 44,9 bilhões. Foram R$ 7,4 bilhões a menos para cobrir empréstimos com pagamento em atraso.

Os modelos internos de avaliação de risco dos tomadores de empréstimo também se tornaram mais rígidos. "Estamos colhendo os frutos das políticas de ajuste de risco e de crédito que começaram em 2011", afirmou Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, que teve R$ 15,7 bilhões de lucro líquido no ano passado. O Bradesco lucrou R$ 12 bilhões e o Santander, R$ 2,1 bilhão.

O aumento do lucro não veio apenas do controle da inadimplência. As receitas com serviços e tarifas deram contribuição importante para os balanços, principalmente em um cenário mais fraco de crédito. Elas somaram R$ 51,3 bilhões, com crescimento de 16,1% em relação a 2012. No caso do Itaú, a incorporação da credenciadora de cartões Rede (ex-Redecard) deu um impulso extra às receitas de serviços e tarifas, que alcançaram R$ 22,2 bilhões, com alta de 22,1% em 12 meses. Tanto para o Bradesco quanto para o Santander, os cartões também trouxeram contribuições relevantes.

O estoque de empréstimos dos três bancos somou R$ 962,8 bilhões, expansão de 10,8% em 2013, abaixo dos 14,6% da média do sistema, que foi puxada pelas instituições públicas.

Por Carolina Mandl | De São Paulo

Valor Econômico, 05 de fevereiro de 2014